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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Ibicaraí ganha primeira indústria de chocolate fino da agricultura familiar

Da Redação do união Perfeita.com

Sonoelane Anunciação da Silva achava distante o sonho de ver no sul da Bahia uma fábrica de chocolates finos tocada por agricultores familiares. Administradora de empresas, ela sempre viveu na roça e acostumou-se à labuta da colheita, secagem e venda da amêndoa de cacau.
A partir do próximo sábado (18), às 9h, a história vai mudar no município de Ibicaraí, na região cacaueira, com a inauguração da primeira fábrica de chocolates finos da agricultura familiar do Brasil. Com investimento de R$ 1,5 milhão, a unidade beneficiará aproximadamente 300 famílias de pequenos produtores de cacau de Ibicaraí e outros municípios da região como, Coaraci, Buerarema, Itajuípe, Uruçuca e Floresta Azul.
Como funcionária da fábrica, que funcionará em sistema cooperativado, Sonoelane é personagem viva dessa história. “Nasci agricultora, sou filha de agricultores e não esperava essa mudança. Vamos agregar valor à matéria-prima e produzir um chocolate de qualidade”, disse ela.
PAC do Cacau - A indústria será inaugurada pelo governador Jaques Wagner, o prefeito de Ibicaraí, Lenildo Santana, e o secretário estadual de Desenvolvimento e Integração Regional, Edmon Lucas. A nova unidade industrial segue os moldes de desenvolvimento e diversificação da economia sul-baiana pregado pelo PAC do Cacau.
Por ano, a fábrica possibilitará o beneficiamento de 14,6 mil arrobas de amêndoas de cacau, gerando a produção de 438 mil quilos de cacau e receita de R$ 4 milhões. Segundo o secretário Edmon Lucas, o modelo previsto promoverá a agricultura familiar “com agregação de valor ao produto final e o conseqüente aumento da renda”.
Para que o projeto saísse do papel, houve a união de agricultores familiares com os governos municipal, estadual e federal.  Os produtores se cadastraram na Cooperativa dos Agricultores Familiares da Bacia do Almada (Coafba), que será responsável pela gestão industria, a Prefeitura de Ibicaraí entrou com os recursos para elaboração do projeto, aquisição e doação de terreno e infraestrutura, e o Governo do Estado com os recursos para aquisição de equipamentos e construção da fábrica.
“A fábrica representa uma mudança de mentalidade”, assinala o prefeito Lenildo Santana, enfatizando o papel indutor e de financiamento à agricultura familiar desempenhado também pelos governos estadual e federal.
Maria do Carmo Tourinho Nunes, presidente da Coafba, lembrou que a fábrica vai permitir a revitalização da agricultura familiar no sul da Bahia e será um divisor de água para a região, onde a carência social é muito grande.
Conceito de qualidade - Biólogo da Ceplac e pesquisador de pós-colheita, Raimundo Mororó é especialista em projetos voltados à produção de chocolate. Ele define a primeira fábrica de chocolate fino da agricultura familiar como “um novo conceito de qualidade e sustentabilidade” e lembra que o chocolate produzido em Ibicaraí terá teor de até 70% de cacau.
O engenheiro de alimentos da empresa, Aluysio Lemos, informa que a capacidade da indústria é para processamento diário de até 300 quilos de cacau quando estiver operando em toda a sua condição, o que significa produção de 600 quilos de chocolate fino. “É a primeira indústria de chocolate no sul da Bahia que faz todo o processo, desde o descasque da amêndoa a torrefação, tempeiro e embalagem”.
Mais dinheiro - A garantia da qualidade do chocolate produzido em Ibicaraí começa no campo. O cacau é orgânico e há atenção redobrada nas etapas de colheita, fermentação e secagem das amêndoas, o que garante mais dinheiro para o produtor.
Cláudio dos Santos assinará o primeiro contrato para venda de cacau à indústria. “A cotação do cacau comum está na faixa dos R$ 85,00 a arroba. Vamos vender o nosso a R$ 130,00, por ser selecionado”, disse.
Por mais que ofereça amêndoas selecionadas, lembra Cláudio, o mercado não paga pelo investimento. “Agora essa realidade muda”. Cláudio dos Santos é um dos cooperativados da indústria e ganha também com a participação nos lucros obtidos com a venda do chocolate.


Fonte: Agecom BA.

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